O PROCESSO DA TAXIDERMIA
A Taxidermia consiste na
preparação da pele de um animal para estudo cientifico e exibição em museus e
também para eternizar animais domésticos (cães e gatos). Qualquer que seja o
animal, o método ou a finalidade da taxidermização, os princípios seguintes são
validos.
Todas as partes moles devem
ser retiradas, ou seja, a pele deve ser completamente isolada, só se admitindo
a que fica aderida diretamente a osso. A esta operação chamamos “escalpelação”.
Durante
a escalpelação se deve evitar que a pele seja manchada com sangue, excrementos
secreções, etc. Para isso tomam-se as seguintes precauções:
a)
Não se inicia a taxidermia antes de decorridas umas 2 horas
da morte do animal, afim de que sangue coagule;
b)
Os orifícios naturais são tapados com algodão;
c)
Evita-se abrir a cavidade abdominal, respeitando
cuidadosamente sua parede;
d)
Quando necessário, durante o preparo, seca-se periodicamente
o bicho com fubá de milho ou serragem, que absorvem os líquidos e são depois
removidos facilmente com uma trincha.
Podemos
resumir o que ficou exposto acima dizendo que a escapelação do animal deve ser
completa e minuciosa, evitando-se deixar restos dos músculos ou gordura
aderentes à face interna da pele, bem como quaisquer sujeiras no exterior.
A pele
deve ser tratada com uma substancia tanante que lhe dê consistência e impeça
definitivamente a putrefação. Os tanantes usuais são os alumens (sulfatos
duplos de alumínio e de um metal alcalino) e, entre eles, o de potássio, que é
o alúmen do comércio.
A pele
também deve ser tratada (“envenenada”) com uma substancia que a proteja
indefinidamente do ataque de insetos e fungos (mofos e bolores). Os insetos que
mais comumente atacam os couros são as “polias”, larvas de besouros da família
Dermestidae. Estas estão em toda parte e são destruidoras implacáveis; deve-se
tomar todo o cuidado para a sua prevenção. A substância mais usada para
envenenar peles é o arsênico do comércio, ou seja, o óxido arsenioso. Esta
substância é extremamente venenosa e oferece perigo para o homem e animais
domésticos, de maneira que todo o cuidado é pouco no seu manuseio.
Além do
problema de toxidez, o contato prolongado com arsênico produz ulcerações nos
cantos das unhas e irritações nas dobras da pele onde a sudação é mais intensa
(axilas e virilhas). È muito importante, e por isso deve-se lavar muito bem as
mãos depois de cada sessão de taxidermia, usando uma escovinha nas unhas. É
aconselhável o banho nessa ocasião. Para as axilas ou virilhas irritadas, deve-se
usar talco ou dermatol.
A
pessoa que esta trabalhando com arsênico deve evitar o formol. Na literatura
diz que o arsênico pode ser substituído pelo bórax (biborato de sódio), mas não
temos experiências deste método.
Costuma-se
misturar as substâncias usadas para tanar e envenenar a pele. Nós usamos a
mistura de arsênico e alúmem em partes iguais por peso.
Esta
mistura é colocada em uma caixa rasa. Peles pequenas são imersas nela e depois
espanadas com um pincel. Nas peles grandes derruba-se um pouco de mistura e
espalha-se com o pincel.
Na
literatura são muitos aconselhados os chamados “sabões arsenicais”.
PREPARAÇÃO DE ESQUELETO
A
preparação de peças esqueléticas é uma necessidade quotidiana. No caso dos
mamíferos pelo menos o crânio deve sempre acompanhar a pele, e é quase sempre
útil trazer o esqueleto completo. No caso de répteis grandes o esqueleto é
indispensável. Em todos os grupos, encontra-se as vezes exemplares com a pele
demasiado danificada, por tiro ou decomposição, cujo crânio ou esqueleto
completo são aproveitáveis.
A
preparação de peças esqueléticas no campo não visa produzir exemplares prontos
para estudo. Ao contrário, visa o mínimo de trabalho que garanta a chegada do
material ao laboratório sem partes podres, sem danificar outras peças que
venham na mesma bagagem em condições ótimas para acabamento na preparação.
DESMEMBRAMENTO
As
peças pequenas (tomando-se o tamanho especialmente em relação às facilidades de
empacotamento) podem ser tratadas inteiras. Digamos, em geral, o tamanho de um
rato.
Peças
médias e grandes devem ser desmembradas para facilidade de tratamento e de
transporte.
Separam-se
os membros pela raiz, com incisões circulares que alcancem exatamente a
articulação. O local da incisão acha-se com facilidade, movendo o membro e
palpando com o dedo.
Para
animais até o tamanho de um cão, isto basta. Peças maiores devem ser mais
desarticuladas. Separa-se o crânio com cuidado e divide-se o tronco em duas
partes, de um lado a caixa torácica e de outro as vértebras sem costelas e a
bacia.
Quando
o crânio é a única peça que vai ser utilizada, deve-se aproveitar também as 3
primeiras vértebras cervicais. As duas primeiras (atlas e axis) são muito
importantes para estudo, e a terceira fica para proteger a segunda.
DESCARNAMENTO:
A
primeira providência é retirar todas as partes moles facilmente retiráveis,
obviamente as vísceras (desde a língua) e os olhos. Em animais grandes convém
também retirar o cérebro. Quando se retirar à língua é preciso cuidado para não
lesar o osso que fica na sua base, o hióide. No caso de carnívoros, roedores,
peixes-boi e morcegos, deve-se procurar o “báculo”, osso isolado que se
encontra no interior do pênis.
A
seguir retiram-se as grandes massas musculares. As principais são: as dos
membros (coxa e perna, braço e antebraço), as adjacentes à coluna vertebral e
as paredes do abdômen.
As
massas dos membros são retiradas por meio de duas incisões circulares, próximas
as articulações. As massas musculares adjacentes à coluna vertebral de cada
lado são separadas desta por meio de uma incisão inicial que descarna a apófise
neural das vértebras, seguindo-se o descarnamento para os lados.
A
musculatura das paredes do abdome é simplesmente cortada com tesoura.
Em bichos grandes é
necessário descarnar também a bacia e a omoplata, o que se faz grosseiramente.
SECAGEM
De
posse de um esqueleto descarnado, deve-se prepará-lo para a secagem. Se
dispuser de formol, o melhor é fixar a carcaça antes de secá-la. Formol velho,
já imprestável para outros usos, serve bem para isto. A fixação está pronta
quando os músculos remanescentes estão brancos. Seca-se então à sombra. O
cheiro de formol que fica é suficiente para afastar a polia por várias semanas.
Na
ausência de formol, gasolina pode ser usada, com as cautelas que demanda. O
cheiro, porém, só será eliminado ulteriormente com alguma dificuldade (lavagem
com álcool e exposição ao sol).
Se não
se dispuser de droga alguma, é necessário descarnar com mais cuidado, secar bem
ao sol e depois envenenar. O veneno freqüentemente causa escurecimento dos ossos
na preparação final.
ACONDICIONAMENTO
As
partes dos esqueletos desmembrados devem ser amarradas juntas, formando-se um
feixe de ossos de volume mínimo. Para isso, dobrando-se, antes da secagem, as
pernas (no joelho) e os braços (no cotovelo) e enfia-se tudo dentro da caixa
torácica. O material seco pode ser embalado em latas, sacos ou caixotes,
convindo sempre não mistura-lo com peças taxidermizadas e usar o recipiente
mais estanque de que se disponha, por causa do cheiro.
PREPARAÇÃO DE ESQUELETOS
Os
esqueletos são classificados, do ponto de vista da preparação, em ligamentários,
cujos ossos permanecem unidos pelos seus ligamentos próprios, e desarticulados.
Geralmente esqueletos de pequenos animais são ligamentários.
Grandes
esqueletos podem ser cortados em secções (cabeça, braços, pernas) para
facilitar o trabalho.
No caso
de peças frescas, a carcaça é colocada num tanque com água corrente ou num
ribeirão (dentro de um saco), por 12 horas ou mais, para que a maior parte do
sangue seja retirada, evitando-se o aparecimento de manchas escuras nos ossos.
Quando não se dispõe de tanque com água corrente, deve-se trocar a água 1 ou 2
vezes por dia.
ESQUELETO DESARTICULADO
Após a
remoção do sangue, os ossos são fervidos em água amoniacal (1 a 5%), ou com um
pouco de sabão de soda, o que facilita o desligamento da carne e da gordura
ainda aderentes aos ossos. Depois da fervura as partes moles ainda existentes
são retiradas com pinças e tesoura.
Se os
ossos não estiverem bem limpos, devem ser imersos em água de lavadeira (Cândida,
Q’Bos) pura; o tempo de imersão deve ser tanto mais curto quanto menor a peça,
não sendo aconselhável ultrapassar 15 minutos. Lava-se bem em água corrente,
durante algumas horas, para retirar o excesso de líquido utilizado.
Deixa-se,
finalmente, secar bem, à sombra.
ESQUELETO LIGAMENTÁRIO
A
carcaça é fervida o tempo suficiente para o amolecimento da carne, que deve ser
cuidadosamente controlado, para evitar que os ossos se soltem. As partes moles
são eliminadas cuidadosamente com pinça e tesoura.
Deixa-se
secar à sombra. Depois passa-se à limpeza final, evitando, quando possível, o
tratamento com água de lavadeira; se indispensável, o banho deve ser curto, de
alguns minutos.
Lava-se
bem em água corrente e deixa-se secar.
ANIMAIS MUITO PEQUENOS
No caso
de animais muito pequenos (passarinhos, lagartixas, peixinhos) não convém
ferver. Às vezes o animal está macio,
e o esqueleto pode ser limpo com pinça e bisturi. Caso contrario, deixa-se a
peça macerar lentamente em álcool a 30 ou 40% até que a carne fique mole, mas
os ligamentos ainda firmes. Limpa-se então, se necessário, debaixo de lupa.
Limpo o
possível, mecanicamente seca-se a peça. Dá-se então um banho curto de água de
lavadeira pura: o tempo suficiente para que esta entre emefervescência e
comecem a desprender-se pedacinhos de carne. Lava-se então muito bem e deixa-se
secar até a carne estar apenas úmida. Repete-se a limpeza com a pinça fina e
bisturi (usá-lo para raspar com cuidado).
Pode-se
repetir mais uma vez o tratamento com água de lavadeira, quando a peça estiver
quase. Lava-se bem e deixa-se secar sob urna lâmpada comum.
Excesso
de água de lavadeira retira demasiada matéria orgânica dos ossos, deixando-os
com aspecto de giz. Isto deve ser
evitado. No entanto, se algum ou outro estiver mais difícil de limpar, pode-se
colocar uma gota de água de lavadeira ou um chumaço de algodão com ela
umedecido, e controlar a maceração.
É
essencial neste processo, a alteração de umedecimento e secagem.
EMBALSAMENTO
Chamamos
“embalsamamento” as operações que permitem obter peças fixadas para estudo
anatômico. Analisaremos aqui as técnicas de campo correntes, pois as mais finas
são da província do anatomista e não do zoólogo. O que dizemos aqui se aplica a
mamíferos, aves, répteis grandes (com exceção de cobras) e anfíbios. Os demais
são tratados nos capítulos próprios. O fixador usado é o formol a 10%.
Idealmente
injetam-se: a) o sistema arterial; b) as cavidades gerais; c) as massas
musculares maiores.
INJEÇÃO
DO SISTEMA ARTERIAL
As duas artérias mais
favoráveis são, femoral na prega da virilha e, no caso de alguns mamíferos, a
carótida comum, no pescoço ou, na ausência desta,uma agulha de calibre adequado
e injeta-se lentamente o formol sob pressão constante. Usa-se o injetor de
pressão constante (fig. 3.1) ou uma seringa grande.
A
quantidade de formol depende do peso do animal usando em média 5 a 6 cc de
liquido por 100 gramas de peso. No caso de bichos muito gordos aumenta-se a
dose.
CAVIDADES
O tórax deve receber uma quantidade de
formol que, a juízo do preparador, o encha sem excesso de pressão. No caso do
abdômen, pode-se agir da mesma maneira, ou, se o animal couber num recipiente a
mão, pratica-se uma ampla incisão longitudinal paralela à linhamediana, por
onde penetrara o formol. O cérebro só ficara bem fixado se fizer a injeção
arterial, mas sempre se pode tentar uma injeção direta pelo buraco occipital,
bem na linha mediana: não é fácil.
MASSAS MUSCULARES
As massas musculares devem ser
profundamente injetadas, fazendo-se o formol penetrar e correr entre os
músculos e dentro dos mais grossos.
IMERSÃO EM FORMOL
Quando
o bicho cabe num dos recipientes disponíveis, deve ser imerso em formol. Às
vezes aves e mamíferos não afundam dentro do formol. Isto se deve a que o pelo
e as penas não se molham. Resolve–se o problema molhando–os com qualquer
detergente de cozinha.
Se não
houver recipiente para o bicho, este deve ser envolvido em diversas camadas de
tiras de pano (tipo múmia), disposta de forma a cobrir toda a pele e não se
soltarem em viagem. Essas tiras são ensopadas de formol e a peça colocada ao
abrigo do dessecamento em sacos de plástico ou lona, etc).
PROCESSOS EXPEDITOS
Ás vezes, por falta de tempo, ou de
equipamento, ou em face de estragos sérios causados por tiro, não é possível
injetar o sistema arterial. Nesses casos capricha–se na injeção das cavidades e
músculos.
Na
impossibilidade completa de injeção, abre–se o tórax e o abdômen do animal e
afunda-se no formol.
TRANSPORTE
Bichos pequenos vem em sacos de
plásticos, com um pouco de formol. Os grandes vêm nos sacos ou recipientes em
que foram fixados.
MATERIAL
Equipamento de uso pessoal
é coisa que varia muito com as preferencias e necessidades do coletor.
Seguem-se algumas notas gerais para o principiante (fig. 3.2).
BISTURIS
A taxidermia delicada depende de bons
bisturis. O mais conveniente é comprar um cabo destacável com jogo de lâminas, e
levar ao campo uma pedrinha fina de amolar.
TESOURAS
São
indispensáveis uma tesoura reta grande (mais ou menos 10 – 15 cm de lâmina),
uma curva grande, uma reta pequena (4 – 6 cm) de ponta romba e outra de ponta
fina. Estas tesouras devem ser reservadas aos trabalhos de preparação.
PINÇAS
Para
coleta são indispensáveis duas pinças retas, de ponta romba, uma de 30 cm ou
mais e outra de 12 a15 cm. A pinça grande pode também ser usada para mexer no
formol, mas a melhor é Ter duas. Para arrumar bichos pequenos é necessária uma
pinça histológica reta, de muita boa qualidade. Na taxidermia de bichos grandes
são úteis as pinças “dente de rato”, de 15 – 20 cm.
AGULHAS E LINHAS
Deve-se ter um jogo bem variado de agulhas de costura; agulhas cirúrgicas não são necessárias. A linha de costura deve ser n.º 10, e o melhor cordonê é n.º1.
Atenciosamente C & E TAXIDERMISTAS
OBS: As taxidermias de carcaças de animais silvestres deverão ser devidamente legalizadas pelos órgãos ambientais e com laudo de procedência.
Email: taxidermia.ecbio@hotmail.com
Tel: (019) 99425-9793 / (019) 99102-1634
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